O Itaú BBA realizou um encontro significativo com mais de 100 investidores institucionais de diversas partes do mundo, incluindo Europa, América Latina e América do Norte.
Nesta reunião, chegaram a um consenso de que, dentre os países emergentes, o Brasil continua sendo o destino preferido para investimentos. Quando se trata de arriscar seu capital em mercados emergentes, as ações brasileiras se destacam como a escolha mais popular.
Durante as discussões, alguns setores e ações específicos ganharam destaque, sendo frequentemente mencionados pelos participantes. Neste artigo analisaremos estes setores e ações, preferidos atualmente pelos investidores internacionais, especialmente olhando para 2024.
Qual o potencial das ações brasileiras e quanto a Bolsa de Valores pode subir?
Analistas do mercado financeiro projetam um cenário otimista para a Bolsa de Valores brasileira em 2024, prevendo um retorno sobre investimento (ROI) superior a 18%. Esse crescimento é atribuído à expectativa de que as empresas listadas na Bolsa entrem em um ciclo de lucratividade elevada.
A previsão se baseia na possibilidade de um aumento no lucro por ação (LPA) das empresas, um indicador calculado dividindo-se o lucro pelo número de ações disponíveis no mercado. Especialistas estimam um incremento de mais de 13% nesse índice.
Essa melhoria no lucro por ação, segundo os analistas, deverá impactar positivamente o desempenho da Bolsa de Valores. Como já é sabido, o lucro das empresas é um fator determinante no comportamento do mercado acionário, especialmente em prazos mais longos, que vão além do curto e curtíssimo prazo.
Dentro desse contexto otimista, há setores específicos que estão sendo monitorados de perto pelos especialistas, indicando possíveis áreas de maior crescimento e rentabilidade para os investidores.
1. Ações brasileiras do setor de consumo
O setor de consumo, amplamente discutido no mercado financeiro, é um segmento potencialmente cíclico e vem ganhando destaque devido aos recentes cortes nas taxas de juros.
Essa redução torna o custo do dinheiro mais acessível, podendo reaquecer o consumo e beneficiar empresas do setor. Dentre as principais mencionadas, estão o Mercado Livre (MELI34), com seu BDR listado na Bolsa de Valores brasileira, Lojas Renner (LREN3), Vivara (VIVA3) e Localiza (RENT3).
Essas empresas, apesar de terem se recuperado bem desde o final do ano passado, enfrentaram um período desafiador entre 2021 e a metade de 2023, com quedas significativas nos valores de suas ações.
Setor teve quedas de até 70% recentemente
O cenário adverso do setor de varejo foi marcado por quedas que chegaram a 50, 60 e até 70%. No entanto, especialistas acreditam em uma possível recuperação e mudança de cenário.
A Lojas Renner e a Vivara são exemplos de varejos específicos, focados em vestuário e joalheria, respectivamente, e atendem a um público de classes mais altas, que talvez sinta menos os efeitos da crise.
A Localiza, por sua vez, destaca-se não apenas pela locação de veículos, mas também pela venda de carros, inclusive seminovos. A venda de veículos é crucial para a renovação de frota da empresa, que e é favorecida por taxas de juros menores. Estas estimulam o consumo e oferecem condições mais atraentes de financiamento, beneficiando assim a empresa.
2. Ações brasileiras do setor de commodities
No ano passado, algumas commodities, incluindo o minério de ferro e o petróleo, apresentaram uma queda significativa, contrastando com o aumento observado de 2020 a 2022. Especialistas preveem que certas commodities, como o minério de ferro, podem voltar a subir em 2024.
Este aumento está ligado, em parte, às ações da China. Apesar das expectativas de um crescimento menor do que o previsto, a China deixou claro que continuará investindo fortemente em infraestrutura e construção civil no primeiro semestre de 2024.
Com a diminuição dos estoques de aço na China, espera-se um impulso nos preços das commodities, incluindo o minério de ferro. Essa demanda de curto prazo da China pode beneficiar empresas como a Vale (VALE3), embora os analistas não prevejam um aumento tão expressivo quanto o anterior, quando a Vale ultrapassou os R$ 100.
Importância de priorizar empresas de qualidade
Ao discutir investimentos em commodities, os analistas enfatizam a importância de priorizar empresas de qualidade, evitando aquelas com alto risco.
Eles destacam que, apesar de algumas empresas terem enfrentado desafios nos últimos anos, aquelas sem problemas graves de gestão, endividamento ou questões financeiras são as mais indicadas para investimentos.
3. Ações brasileiras do setor financeiro
No setor financeiro brasileiro, investidores internacionais sempre mantêm um interesse, devido à sua singularidade em comparação a outros mercados globais. Embora nomes específicos de bancos não tenham sido mencionados, a ênfase recai sobre instituições financeiras e bancos de alta qualidade e solidez.
Entre as opções que se destacam no mercado estão Itaú (ITUB4), Santander (SANB11), Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3) e BTG Pactual (BPAC11).
Estes bancos demonstram um desempenho sólido, continuando a gerar lucro e operar com margens interessantes. Apesar de o Bradesco ter enfrentado desafios no último ano, especialmente com a questão das Lojas Americanas, ele e os outros bancos continuam a ser opções atrativas.
O Bradesco, especificamente, apresenta um dividendo maior, possivelmente devido ao seu preço de ação, que sofreu mais nos últimos anos. O Banco do Brasil, por outro lado, ainda se mantém como uma das opções mais acessíveis.
“Pacote” de ações que os investidores interacionais costumam comprar
Seus investimentos costumam incluir um “combo” de ações em empresas como Vale, Petrobras e bancos, considerados pilares do mercado acionário brasileiro. Além destes, nomes como Raia Drogasil (RADL3) e Weg (WEGE3) foram mencionados na reunião, mas sem grande ênfase.
Em geral, os investidores internacionais estão otimistas com a bolsa brasileira, apesar das incertezas globais e dos desafios econômicos no Brasil. Essa confiança se traduz numa preferência por se posicionar em empresas de qualidade reconhecida.
Ações brasileiras que os investidores internacionais geralmente evitam
Investidores estrangeiros estão no momento evitando posições em small caps no mercado brasileiro devido ao alto risco associado a elas.
Além disso, eles têm demonstrado certa relutância em investir em setores de utilidades públicas, como água, saneamento e energia.
A complexidade da legislação brasileira em relação a essas empresas, somada às recentes tentativas de capitalização e privatização, torna o cenário confuso para os investidores internacionais.